A idade e o botão do exploda-se
- Leo Xavier
- 24 de out.
- 2 min de leitura
Chega uma hora na vida em que a gente descobre o poder libertador de um pequeno, mas poderoso botão invisível: o botão do exploda-se. Seu nome tem uma versão mais vulgar, mas aqui respeitarei os leitores e leitoras. Ele não é um item original de fábrica, não aparece nas fotos, nem está no manual da vida. Todavia, com o tempo, e algumas cicatrizes, ele surge espontaneamente, como um mecanismo de autoproteção da alma.
Quando somos jovens, queremos agradar a todos: os pais, os chefes, os amigos, a sociedade, o espelho. Somos reféns da aprovação alheia e prisioneiros das expectativas que nos impõem. Mas o tempo, sábio e impiedoso, nos ensina que nada é mais caro do que viver tentando ser quem os outros esperam que sejamos. E é nesse instante que, sem aviso, o dedo encontra o botão.
A idade traz rugas e a leveza de quem já não precisa provar nada a ninguém. Aprendemos a escolher as batalhas, a não discutir com os tolos e a entender que o silêncio vale mais do que mil explicações. O botão do exploda-se não é rebeldia, é maturidade, é desprendimento. É o grito sereno de quem entendeu que não vale gastar energia com o que não constrói, nem perder sono com o que não depende de nós. A sabedoria está em dosar o uso. Acionar o botão nas horas certas é uma arte, pois nem tudo deve ser ignorado ou pode ser dito — depende da hora, do lugar e até de quem é o nosso interlocutor. Contudo, muita coisa merece ser deixada pra lá. Porque viver é escolher, e escolher, às vezes, é simplesmente deixar de se importar.
E, no fundo, o botão do exploda-se é sobre amor. Amor-próprio, amor à paz, amor à leveza. É o gesto de quem assimilou que ser feliz é mais urgente do que ter razão.
E isso, meus caros leitores e minhas caras leitoras, só o tempo ensina.
Léo Mauro Xavier Filho






Perfeito… sem tirar nem pôr.
Reflexão muito válida e creio que nem precisemos de muita idade para acionar o referido botão. Na verdade, quanto antes, melhor...