Esperançar é viver
- Leo Xavier
- 2 de out.
- 2 min de leitura
Viver é caminhar. E quem caminha sabe que a estrada nunca é reta, muito menos previsível. Há curvas inesperadas, pontes a serem construídas, barreiras a serem eliminadas. A vida, em sua beleza mais profunda, nos pede movimento, porque permanecer parado é perder-se de si mesmo. Viver é, portanto, avançar, ainda que devagar, temeroso, sem dispor da maioria das respostas a uma infinitude de perguntas.
A esperança é a chama que ilumina essa travessia. Mas não é um sentimento passivo, muito menos um devaneio romântico. A verdadeira esperança exige atitude. Ela é verbo, é ação. Paulo Freire já dizia: “não basta esperar, é preciso “esperançar”. E esperançar significa plantar, regar, insistir, recomeçar. É assumir que o futuro não se constrói sozinho, mas com a força daquilo que decidimos hoje.
É nesse ponto que a coragem se faz necessária. O medo é natural, humano, porém, quando deixamos que ele nos paralise, erguemos muros em torno de nós mesmos. Coragem não é ausência de medo, é a decisão firme de não permitir que ele nos defina, nos emparede, nos embrete. É tal como atravessar as noites escuras acreditando que o amanhã virá. É seguir mesmo quando as pernas tremem, porque o coração sabe que o caminho vale a pena.
A vida pede ousadia. Pede o gesto pequeno e constante de quem não desiste. Pede a palavra certa no momento do silêncio, o abraço que cura, o recomeço depois da queda. Somos feitos para erguer pontes, entre nós e os outros, entre o que somos e o que sonhamos ser. Pontes de diálogo, de solidariedade, de fé, religiosa ou não. Cada passo, por menor que pareça, é uma vitória sobre a inércia e sobre a desesperança.
Viver é um ato de construção contínua. Caminhar é abrir estradas onde antes havia apenas mato fechado, e esperançar é manter o olhar firme, sem o bloqueio do obstáculo que se impõe, mas na possibilidade que se abre. A vida nos convida a isso todos os dias: levantar, respirar fundo e seguir. Porque viver, afinal, é acreditar que sempre é tempo de caminhar, de construir e de transformar.
Léo Mauro Xavier Filho
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